"Estou em luto profundo", afirma o "pai" de Luzia

COMÉRCIO DO JAHU

06/09/2018

Link para a matéria

O antropólogo e arqueólogo Walter Alves Neves – CANAL USP
Há 20 anos, o antropólogo e arqueólogo Walter Alves Neves revelava Luzia ao mundo. Foi esse o apelido que o pesquisador deu ao esqueleto humano mais antigo das Américas e que revolucionou as teorias científicas sobre a ocupação do continente a partir de 1998. O crânio de Luzia, ícone da pré-história brasileira, estava no Museu Nacional do Rio de Janeiro durante o incêndio no último domingo. O fóssil estaria sob uma área com escombros, e técnicos do museu não conseguiram acessar o local.
“É uma perda irreparável”, diz Neves ao ressaltar o impacto devastador da destruição do acervo nas pesquisas sobre a evolução humana nas Américas e no Brasil. O fóssil de mais de 11.000 anos encontrado entre 1974 e 1975 na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, garantiu reconhecimento internacional à teoria de Neves de que o continente americano foi ocupado por duas levas migratórias de homo sapiens vindos do nordeste da Ásia – a primeira dos antepassados de Luzia, que tinham traços africanos e australianos, e a segunda, de ameríndios com morfologia mongoloide, semelhante a dos indígenas atuais.
Com o chamado “modelo dos dois componentes biológicos”, Neves desafiou o modelo hegemônico de ocupação única do continente pelo povo de Clóvis, a partir do Novo México, nos Estados Unidos. “A popularidade que a Luzia ganhou na mídia fez com que a comunidade científica levasse a sério a minha teoria sobre os primeiros americanos”, diz o professor aposentado do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).
“Tragédia anunciada”
O nome dado à jovem paleoamericana, que morreu com cerca de 20 anos de idade, seria uma versão abrasileirada de Lucy, o fóssil de hominídeo mais antigo do mundo, com 3,2 milhões de anos. O “pai de Luzia” diz estar em luto profundo pela “tragédia anunciada” no Museu Nacional, que descreve como um “crime contra o Brasil e a humanidade”. (Folhapress)
Leave a reply